Era maio , e já passava o fim da primeira quinzena de março , foi uma semana bem fria e muito úmida , além da chuva fina que caia sobre a cidade naquela semana , ainda tinha que enfrentar as gélidas madrugadas nas transição para o dia , quando se tem a horas mais frias do dia.
Estava sendo muito difícil , eu comecei a sentir as dores do parto e as ruas estavam molhadas , eu precisava de um lugar tranquilo e afastado das pessoas para conseguir dar a luz aos meus filhotinhos.
Foi muito difícil estar ali sozinha , mas no fim tudo deu certo, lá estavam eles , lindos , vivos e eram todos meus. Não via a hora de enche-los de amor , mas naquele momento era impossível eu estava fraca , cansada , o máximo que puder fazer foi limpar eles o melhor que eu pude , e alimenta-los com o primeiro leite , o colostro que é fundamental para a imunidade dos filhotinhos e para garantir que tenham todos os nutrientes necessários para sobreviver aos primeiros dias de vida.
Os dias passavam lentamente e eu muitas vezes precisava sair do esconderijo e ir em busca de alimento , eu precisava estar forte para continuar produzindo leite e assim alimentar os meus filhotes. Mas foram dias difíceis e não dei muita sorte , quase não conseguia o que comer e o que eu consegui a não era o suficiente e meu leite já não era o suficiente.
Até que quando eu achava que não podia ficar pior , uma chuva um pouco mais intensa chegou a cidade , e o local onde eu havia parido e escondido meus filhotes não oferecia abrigo que eu necessitava naquela hora .
Já estava me desesperando , eu latia , uivava e chorava , as pessoas estavam incomodadas com o barulho , porem não se aproximavam para saber o que era. Não me entendiam e não me ajudavam apenas esbravejavam comigo e me enxotavam da rua. Eu já não tinha mais esperança , quando a chuva começou a cessar .. eu respirei aliviada , ainda podia manter los aquecidos sem grandes consequências.
Eu já estava voltando para o abrigo para ver como meus filhotes estavam , quando um homem vem descendo a rua , caminhando devagar . Pensei comigo , vou fazer uma tentativa de aproximação quem sabe ele não olha pra mim ...
E não foi que isso aconteceu ! HAUUUUUUUUUUUUUUU
Ele me olhou , e me perguntou o que foi ? Eu logo abanei meu rabo , e lati amavelmente , uma leve choramingada e pronto , ele estava entrando atras de mim no lote onde eu fizera o abrigo e escondera meus filhotes.
Ele parecia um bom homem e olhava meus filhotes com cara de bobo, não iria lhes fazer mau , eu tinha certeza. Ele balbuciou diversas coisas que eu juro que tentei entender .. hauhauhau, mas eu tentei parecer entender ao máximo , ele então saiu do abrigo , eu o segui até a entrada , e ele me olhou e me mandou voltar para trás, e seguiu o caminho de volta por onde ele veio.
Não demorou muito , Eu vi , Ele vinha pela mesma rua , na mesma direção , mas não estava sozinho , ele vinha junto com outro homem e tinham algo nas mãos , mas eu ainda não conseguia ver ao certo o que era. Eu os recebi , na entrada do abrigo pude notar em suas mão tinha uma caixa , um pano , uma coleira e uma guia , eles entraram os dois lote adentro , não fiz menção de contrariedade , eles se aproximaram do abrigo que eu fiz e observavam meus filhotes enquanto um deles preparava a caixa. Eu estava aliviada , meus bebês teriam ajuda.
Eles recolheram meus filhotes e colocaram uma coleira em mim , mas eu estava confusa , acuada , perdida, não queria sair dali , o que eles iriam fazer comigo ? Eu não era mais um filhote fofinho como meus bebês .
Depois de muitas tentativas de me fazer caminhar com a coleira , Eles desistiram , sem se importar com a minha sujeira , ou se eu tinha alguma doença ou virose , eu fui tomada nos braços e carregada até a casa de um deles com todo o carinho , carinho que eu não me lembro de quando foi que eu recebi antes deste momento.
Eu não sabia como agir , preferi ficar bem quietinha , tinha medo de fazer algo que os desagradasse .
Já na casa , eu fui levada a um quarto nos fundos da residência , onde foi improvisado uma cama para mim e meus bebês , com bastante conforto , bem quentinha e abrigada do frio e do vento cortante da madrugada. Eu estava estasiada mas muito assustada com tudo para demonstrar .
Me serviram muita comida , e DA BOAA , hauhauhau.. e muita agua fresca . Apesar de todo esse conforto , as condições que enfrentei antes de chegar aqui me levaram a não conseguir mais produzir leite , eu não tinha o suficiente , e ficava irritada pois meus bebês queriam mamar , me mordiam , subiam em mim , choravam , mas eu não podia satisfazer a fome deles. eu estava agoniada , mas mais uma vez , vieram em meu auxilio , e aquele homem que desceu a rua no dia que fui resgatada aparecia todos os dias , conversava comigo , me fazia carinho , trocava minha agua e minha comida . ele também percebeu , que meu leite havia sumido , e sem pestanejar 5 vezes por dia , incluindo madrugada , ele preparava uma deliciosa papinha para servir aos meus bebês que comiam vorazmente.
E assim foram os dias que se seguiam , eu estava aliviada , despreocupada, protegida e por mais que eu achasse estranho, eu estava sendo amada. Fui carinhosamente chamada de Mamãe da Rua.
Na proxima eu vou continuar contando como foi tudo até os dias de hoje , a gente se vê por ai .
LamBeijos Mamãe da rua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário